terça-feira, 18 de março de 2014

Das Balsas às Ferrovias...

1, 2... Testando... O.k, O.k

Santana de Parnaíba, 03 de Janeiro de 2014.

Av. Esperança nº 05, às 05H30 soa o alarme do celular, ao som de Kilário, do Di Melo, desperto dançando para dar inicio a mais uma "catracada" do meu, do seu, do nosso, Turismo de Catraca Blog. Depois de um banho-de-gato e um litro de leite com chocolate, pronto pro combate! 06H29 a primeira catraca, Linha 246(Santana de Parnaíba-Osasco R$3,20), com destino à estação Barueri, da Linha 08-Diamante- da CPTM, onde encontraria o restante da equipe para mais uma jornada...

Capa do Álbum Di Melo- Di Melo. 1975.EMI-Odeon

... E do outro lado da história...

Itapevi...

O celular desperta cedo pra caramba, ao som daqueles toquinhos que já vem no aparelho. Algumas xícaras de café (a maior de todas) cheias pra espantar o sono, um pedaço de bolo e pronto! Estava alimentado pra mais uma aventura pelas catracas por aí.

Depois dos "Starts" dos integrantes, a equipe dá às 07H seu "Start", partindo da Estação de Trem Barueri com destino a Estação Osasco, onde faríamos transferência para a linha 09-Esmeralda- da CPTM, para dessa vez, desembarcar na Estação Grajaú, onde chegamos às 08H09 e tomamos às 08H30 o buso da Linha 6L11- Ilha do Bororé, pela quantia de R$3,00 ou Bilhete Único- No trem também foi utilizado o Bilhete Único, e o valor padrão é R$3,00.

Ônibus da Linha 6L11-Terminal Rodoferroviário Grajaú


Ilha do Bororé? Na real nem é uma ilha, está mais para Península do Bororé, e é um bairro da cidade de São Paulo que para acessá-lo é necessário tomar uma balsa, olha que louco, dentro da metrópole existe uma linha de ônibus que cruza a Represa Billings de balsa, são dois ou três trechos médios, deve ser cerca de 200 ou 300 metros em que o motorista do ônibus abre as portas e permite que a viagem seja feita na balsa, você não precisa necessariamente ficar dentro do buso, pode descer e ver a margem da represa e pescadores com seus guarda-sóis pegando tilápias e pacus.

Margem da Represa Billings
Pescadores sem guarda-sóis na margem da represa 

Até o momento em que fizemos a viagem pouca gente ao nosso redor sabia  sobre a Ilha, esperamos que após a publicação desse post mais pessoas deem atenção para a singularidade do local, inclusive o poder público para a infraestrutura básica. A balsa tem intervalos curtos e pra quem não cogita sair por ai de catraca, também é possível atravessá-la de carro ou moto, como estávamos no ônibus não desembolsamos uma moeda sequer e quem foi de carro também não pagou nada. Em um dos trechos é tomado um ônibus gratuito que até então não conseguimos localizar os "patrocinadores".

M.1GRIA apreciando a maravilhosa vista do chão da balsa

E. Belko estreando em "Ai meu corassaum!"

Travessia da Represa Billings via Balsa

Outra margem da represa

Após as travessias, incluindo o ônibus gratuito que é oferecido na cidade de São Bernardo do Campo, tínhamos deixado a capital e entrado na sexta cidade do roteiro (Santana de Parnaíba/Itapevi, Barueri, Carapicuíba, Osasco, São Paulo e São Bernardo do Campo) onde atravessamos mais uma balsa, dessa vez o ônibus não nos acompanhou, e tomamos o coletivo da Linha 050- Jardim Hollywood/Via Rudge Ramos, com destino ao ponto final, onde tomamos o ônibus da Linha 069-Viação Osasco com destino a Ribeirão Pires pela quantia de R$3,00, em Ribeirão compramos o que seria necessário ou que deveria ser, pra uma noite de acampamento na Mata Atlântica, por lá também embarcamos no Trem da CPTM com destino a Rio Grande da Serra, mais três reais.

A própria imagem diz em qual estação estávamos  



Ao chegarmos em Rio Grande da Serra...

Embarcamos na Linha 242-Paranapiacaba, um amigo já havia nos indicado a Cachoeira da Fumaça, o cobrador nos auxiliou onde descer na estrada para seguir a trilha que tinha um começo esquisito, sabe? Podiam entrar carros, mas depois foi se tornando normal -ou quase. A princípio o alagado típico das regiões de mata litorânea onde mosquitos se multiplicam como o dinheiro se multiplica na conta do Maluf, muitos insetos na região "pré-alagada", mas após vinte ou trinta minutos estávamos entrando na mata fechada onde sumiriam aqueles insetos todos, certo? Errado, por mais alguns minutos fomos seguidos de perto por milhares de mosquitinhos, e ao escrever este post escuto claramente seu zzzzzzzzzzumbido nas orelhas.

Trecho da Trilha


Entramos na trilha às 15H, foram três horas de descida entre pedras, líquens, samambaias, cipós e nos trechos mais difíceis cordas, pra falar a verdade não encontramos a tal cachoeira da fumaça, mas encontramos dezenas de outras cachoeiras que talvez sejam tão legais quanto, na serra que descíamos ousei lembrar do livro Sierra Maestra, de Juan Almeida Bosque, sim parecíamos o Che e seus "Companheiros"(Lula VOICE), na real? Nem sei se parecíamos mesmo, afinal, tinha um gordinho-muito-gente-fina- reclamando de dores no joelho, mas na minha grande-cabeça-de-pastel-de-vento, parecíamos!

Corredeira por onde descemos


Piscinas naturais em meio as agitadas corredeiras


Cachoeira na montanha em frente a que estávamos 


Uma das muitas piscinas da cachoeira


Bom...

Montamos acampamento em uma das milhares de rochas da margem da queda d'água que seguia por quilômetros, estávamos prontos para acampar mesmo sem barraca, juntamos troncos para fogueira e algumas rochas para que a fogueira não consumisse toda a mata- as rochas servem pra delimitar o espaço do fogo.

Nossa bem feita fogueira (que não durou tanto assim)

A empresa Couple Nodles não quis nos patrocinar, então não vamos citá-la



O Resgate da Panela em chamas


Fogueira acesa e acampamento montado, estávamos prontos para encarar os mistérios que a noite nos reservava, falando em noite, ela demorou pra cair -igual dinheiro na nossa conta- eram quase 20H e ainda estava claro, como a fogueira já estava acesa a pouco mais de uma hora e o vento a nosso favor, fomos defumados até a noite, aos poucos, enfim, chegar...

Talvez você ache um pouco esquisito acampar e muito esquisito acampar sem barraca, mas se tivesse tido pesadelos com um Tatu-boi gigante passando Gelol no sovaco do Mussum, acharia normal.

"Print" do local do acampamento


Dormimos...

Foto da Noite! PEEI!

A noite não estava tão escura




Aliás, tentamos dormir...

Despertamos às 05H00 e assistimos de camarote em cima da rocha o nascer do Sol do dia 04 de Janeiro...

Neste momento que a fumaça sufocante e defumadora, o ruído contínuo e perturbador da correnteza e todo o esforço do dia anterior valeram a pena!

Save The Green

O Sol foi surgindo iluminando pouco a pouco a montanha que havia em frente a que estávamos e que também, nela havia uma cachoeira cortando-a desde a metade para baixo. Uma vista fascinante que nos encorajou a fazer o caminho de volta rumo ao "distrito" de Paranapiacaba.

Subida ou descida da trilha

Foto Artística
Paranapiacaba não é uma cidade! E ali realmente parece que o tempo parou, chegamos embaixo de uma garoa que quando passou deu espaço a uma neblina tão densa que escondia o "distrito" todinho. Alguns minutos depois, do alto do morro, onde fica a Igreja Matriz, a neblina revelou uma Paranapiacaba calma e com muito charme. Conhecemos a igreja Matriz e o cemitério que fica ao lado (lado direito da foto) da mesma; comemos um bolo feito de Cambuci no Espaço da Alzira, onde fomos muito bem recebidos pelos simpáticos atendentes. Em determinada data do ano ocorre a Festa do Cambuci.

Matriz de Paranapiacaba


Cemitério ao lado da Matriz

Lanchonete onde vende o doce de Cambuci e onde fomos muito bem atendidos


Conhecemos o museu Funicular onde há um acervo muito legal de peças e equipamentos usados no princípio da atividade ferroviária da São Paulo Railway que trasportava principalmente o café de São Paulo para Santos; o museu também tem locomotivas e vagões específicos, por exemplo, vagão para a 1º classe; vagões fúnebres, e aos mais "cinestésicos" tem o passeio de Maria Fumaça que deve custar uns cinco reais...

Andamos por Paranapiacaba admirando a arquitetura das casas da época em que a ferrovia  era o combustível daquele povoado Inglês.

Também visitamos o CDARQ-Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo- que demonstrava através de maquetes, exatamente como eram feitas as casas e a organização social no "distrito".

Visita ao CDARQ


Maquete dos imóveis de Paranapiacaba


Créditos:Turismo de Catraca


Visita ao CDARQ

O passeio finalizou em um café onde o anfitrião era muito hospitaleiro e nos deu dicas de várias cachoeiras que poderíamos visitar; o que não era má ideia tirando o cansaço que estávamos depois de passar 4 horas subindo da cachoeira até a rodovia...

Depois de pararmos para tirar alguns milhões de fotos na ponte que liga os dois lados do distrito, formou-se uma neblina que em poucos minutos fez todo distrito sumir, to falando sério, foi igual naqueles filmes de terror onde há algum monstro bizarro aterrorizando a cidade. A neblina era tão densa que foi apagando o distrito diante dos nossos olhos como efeito de fumaça em festas!

M.1GRIA e Maria... Fumaça


Homem na Neblina

Neblina


Com a volta da chuva, decidimos esperar o ônibus que nos levaria de volta até a estação. Estava garoando forte (Garoa level 2), nós estávamos sujos de terra, lama e areia da trilha, defumados pela fogueira, exaustos e sentados no chão do terminal rodoviário (com exceção do gordinho-muito-gente-fina que se sentasse não levantaria antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016) com dois cachorros de rua deitados ao nosso lado... A cena parece meio deprimente, mas nem tanto ao ponto de chegar alguém e nos dar uma moeda, o que seria encarado como patrocínio para a próxima catracada. Hashtag Fica a dica.

Um dos cachorros que nós conhecemos

Partimos.

Do sacolejar do ônibus, fomos para o frio do ar condicionado do trem, em seguida para a muvuca do metrô e depois novamente o frigorífico do último trem, onde a sogra do gordinho-muito-gente-fina ligou aos berros para que ele comprasse um saco de batatas antes de ir pra casa. Encerramos pedindo um minuto de silêncio pelo joelho estourado do nosso amigo gordinho-muito-gente-fina que por limitações físicas já citadas acima nos impediu de descer por mais algumas horas na trilha da tal Cachoeira da Fumaça.


[Silêncio]


Aé! Antes de encerrar gostaríamos de alertar duas coisas observadas durante o "passeio", a primeira é para você nosso leitor com engajamento social invejável, a segunda também é para você, mas deve soar como uma indireta, bem direta mesmo, para a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária-SP que segundo palavras do próprio site  mantém, restaura e oferece a visitação ao Museu Funicular de Paranapiacaba.

Coisa um- Já existe um novo ponto de vista sobre o "jeitinho brasileiro", nem sempre a maleabilidade e jogo de cintura são positivos para formação de uma identidade, o que isto quer dizer, as famosas exceções que promovem uma classe e rebaixam outra, pela justiça não ser tão cega por aqui, são ícones de um lado cultural em que ao invés de sacramentar o que é legal e o que não, cria regras superficiais que rondam todos, mas atingem poucos, assim, analisando uma simples placa sobre uma linda ponte de um certo distrito observamos que o correto seria- do nosso ponto de vista- "Permitido somente tráfego de motocicletas e bicicletas conduzidas a pé" e não "Proibido trânsito de motocicletas e bicicletas, exceto conduzidas a pé", porque criam exceções pra situações que duas linhas atrás foram proibidas tendo a oportunidade de ser específico e dizer de maneira clara a forma correta de atravessar a ponte.

Pois é...

Coisa dois- Em dado momento da nossa visita ao Museu Funicular, quando fotografávamos os arredores do mesmo, um senhorzinho chamou nossa atenção, segundo ele, era o responsável pela vigilância de alguns túneis de sete quilômetros que não eram abertos a visitação por questões de segurança, mas que se fizéssemos uma "vaquinha" e "molhássemos" a mão dele, poderíamos ter acesso aos túneis onde veríamos o Oceano Atlântico. Alertamos nossos leitores e a ABPFSP sobre isso, pois se é fechado por questão de segurança não deve ser aberto por questão de...

Bom, enviamos a ABPF um e-mail relatando o acontecido e solicitamos que antes de qualquer "punição" contra o funcionário, faça uma revisão na folha salarial do mesmo pois para "arreganhar as pernas" dessa maneira, é muito provável que não esteja recebendo uma remuneração que faça jus ao seu trabalho, somos a favor de remunerações dignas e bem acordadas entre o empregador e o empregado para que casos como esse não ocorram e coloquem em xeque a credibilidade da empresa e segurança do turista.

Agora sim! Encerramos com a resposta da ABPF sobre a situação ocorrida em Paranapiacaba.

"Prezada Equipe Turismo de Catraca...
      A ABPF tem a informar que a pessoa que estava fazendo esses passeios, não era nosso funcionário, o mesmo era guarda de segurança da empresa ferroviária MRS a qual tem a concessão ferroviária do trecho de Paranapiacaba.
     É terminante proibido o trafego de pessoas pelo leito do antigo sistema do funicular, mas pessoas inadvertidas continuam se utilizando desse passeio ilícito. A área de responsabilidade da ABPF vai até a cabine de mudanças de vias onde ha avisos proibindo a passagem de pessoas sem autorização.
     Agradecemos pela denuncia, e informo ainda que a pessoa que estava fazendo esses passeios já foi devidamente demitida pela MRS, após nossa denuncia pois tal fato ja havia sido descoberto por nossos funcionários locais.
     Esperamos que vocês continuem a frequentar o Museu do Funicular e qualquer duvida, nossos funcionários que estão devidamente paramentados poderão ajuda-los.
Atenciosamente

Carlos Alberto Rollo
Diretor Administrativo
ABPF/SP"

Agradecemos ao Senhor Carlos Alberto Rollo pela atenção dispensada.

Um momento! Antes de finalizar gostaríamos de agradecer especialmente ao, segunda palavras de um certo integrante desta equipe, "Roteirista Fofinho" da Secretaria de Cultura e Turismo de Santana de Parnaíba, Sr. Israel, que tem colaborado com sugestões e dicas de viagens de catraca que impulsionaram aos integrantes essas maluquices de viajar de coletivo (e ainda relatar em um blog!). Se há uma opinião que nós da equipe dividimos sobre ele (claro que não é Roteirista Fofinho) sem dúvida, é a gratidão pelas idéias, sugestões e o apoio a equipe. Nossos sinceros agradecimentos! 

Pronto, podemos continuar finalizando...

Dúvidas, críticas, sugestões ou compra de produtos Herba Life envie e-mail para:

turismodecatraca@gmail.com

Quer viajar conosco ou compartilhar sua catracada? O e-mail é o mesmo!

Conhece um linha de ônibus muito legal? O e-mail não muda!

turismodecatraca@gmail.com

Até a próxima catraca!

E.BELKO
M.1GRIA